Medicina
Alcoolismo: o que é e quando procurar ajuda
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O uso abusivo do álcool pode acarretar inúmeros danos à saúde e ao bem-estar dos indivíduos. A situação se agrava quando esses episódios se tornam recorrentes e há a perda do controle sobre o consumo da substância.
Esses aspectos definem o alcoolismo, transtorno caracterizado pela dependência ao álcool, que traz impactos não apenas ao indivíduo acometido, mas também às pessoas próximas. Para explicar como essa patologia ocorre, quais são seus sinais e como é possível tratá-la, preparamos este conteúdo. Boa leitura!
O que é?
O alcoolismo é considerado uma doença crônica pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e seu desenvolvimento é multifatorial, isto é, pode ser influenciado por uma série de aspectos, entre eles, os psicossociais e os genéticos.
A patologia é determinada pela dependência ao álcool, que se manifesta por um conjunto de condições comportamentais, fisiológicas e cognitivas. Entre elas, destacam-se a necessidade intensa de beber, a incapacidade de controlar esse desejo, o aumento da quantidade de álcool consumida (tolerância) e a abstinência.
O alcoolismo é uma doença caracterizada pela compulsão ao álcool.
Além disso, um ponto importante é que o consumo das bebidas ocorre mesmo sabendo das consequências negativas que elas têm causado e em desfavor das atividades cotidianas, como o trabalho, os estudos ou os momentos com a família.
Nesse sentido, o álcool passa a começar a ocupar um papel central na vida do indivíduo dependente, que despende cada vez mais tempo em função de seu uso e na recuperação de seus efeitos ao organismo.
Alcoolismo no Brasil
Segundo o 3° Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira, realizado pela Fundação Oswaldo Cruz, cerca de 2,3 milhões de brasileiros se enquadariam nos critérios que fundamentam a dependência ao álcool.
Outro dado significativo da pesquisa é a quantidade de brasileiros que têm contato com as bebidas. Quase um terço da população, 30,1%, afirmou aos pesquisadores que consumiu álcool nos 30 dias anteriores à entrevista.
A última Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também apresenta informações importantes sobre o uso de substâncias alcoólicas no país.
No comparativo entre os dois últimos levantamentos feitos pelo instituto, houve um aumento de 2,5% no número de indivíduos da população adulta que informou ter bebido semanalmente durante o ano. Em 2013, o percentual era de 23,9%, já em 2019, a porcentagem passou para 26,4%.
Os dados mostram que o número de indivíduos bebedores no Brasil têm aumentado.
Principais consequências
Como citado anteriormente, o alcoolismo pode trazer muitas consequências aos indivíduos que sofrem com ele. A saúde física, por exemplo, é afetada pelos níveis elevados de álcool no organismo e também pela recorrência dos episódios de consumo.
Um exemplo é a sobrecarga do fígado, órgão responsável pela eliminação de toxinas, que pode gerar sua inflamação e, a longo prazo, o desenvolvimento de doenças como a hepatite alcoólica e a cirrose, ocasionando até a perda de suas capacidades (insuficiência).
Outros órgãos que podem ser acometidos por inflamações por causa da ingestão excessiva de álcool são o estômago e o pâncreas.
O alcoolismo pode ainda provocar disfunções imunológicas, problemas cardiovasculares, prejuízos cognitivos, além de agravar quadros de doenças crônicas como o diabetes e aumentar as chances de desenvolvimento de cânceres e de osteoporose.
O alcoolismo pode desencadear vários malefícios à saúde dos dependentes.
Os aspectos comportamentais também são impactados pela dependência. Os indivíduos podem apresentar oscilações em seu humor, como quadros intensos de violência ou tristeza. Além disso, a falta de atenção a aspectos importantes da vida, como a família e o trabalho, também é comum.
Essas alterações geram efeitos significativos na vida social e até econômica dos dependentes. Outra questão é que elas não repercutem apenas na pessoa doente, mas também nos familiares e amigos, que passam a vivenciar essas implicações.
As mudanças na percepção e na capacidade de reflexo causadas pelo uso do álcool podem ser responsáveis ainda pela ocorrência de acidentes de trânsito.
Sinais do alcoolismo
O alcoolismo apresenta alguns indícios, que devem servir como um alerta para os próprios indivíduos que consomem álcool e às pessoas próximas a eles. Veja quais são eles a seguir:
– Aumento progressivo da quantidade de vezes em que o álcool é ingerido e do número de doses;
– Demonstração de irritação quando se é confrontado a respeito da bebida;
– Dificuldade em parar de beber após iniciar o ato;
– Desejo persistente de consumir álcool e perda do controle em relação a essa necessidade;
– Tentativa de esconder de outras pessoas o uso da bebida;
– Gastos de tempo cada vez maiores na procura de álcool, ingerindo-o ou se recuperando de seus efeitos;
– Continuidade da ingestão excessiva de bebidas mesmo após perceber que há um problema;
– Crises de abstinência, com sintomas como tremores, sudorese, náuseas, perda de apetite, ansiedade, agitação, insônia e aceleração do ritmo cardíaco.
Conhecer os sintomas do alcoolismo é um bom jeito de se atentar à condição.
Quando procurar ajuda?
Notar a presença e persistência de um ou alguns dos sinais mencionados acima pode ser um indicativo que é hora de buscar ajuda.
Outra forma bastante utilizada para perceber se é preciso procurar auxílio é a resposta afirmativa a qualquer uma destas perguntas: “Você já sentiu que deveria diminuir a bebida?”, “Você já ficou irritado quando criticaram seu consumo de álcool?”, “Você já se sentiu culpado em relação à bebida?” e “Você já ingeriu bebida pela manhã para ‘aquecer’ ou melhorar uma ressaca?”.
Caso tenha percebido que pode ser um bom momento para entender como o álcool tem impactado sua vida, a recomendação é ir ao médico ou buscar um profissional de saúde na rede de atendimento. Eles podem dar orientações a respeito se há um problema de dependência ou não e, se houver, como ele pode ser tratado.
Tratamentos possíveis
O tratamento do alcoolismo pode envolver diversas frentes de atuação e deve ser sempre direcionado por profissionais de saúde.
O primeiro passo normalmente é uma avaliação clínica aprofundada, para analisar quais recursos podem ser empenhados para a cura da dependência. Entre as possibilidades, destacam-se a desintoxicação, a psicoterapia, o uso de medicamentos e os grupos de apoio, como o Alcoólicos Anônimos.
Mesmo após o tratamento, é preciso continuar com o acompanhamento da doença, para evitar recaídas.
O alcoolismo é um problema de saúde pública que pode causar grandes prejuízos à vida de quem sofre com ele. Difundir informações a respeito da dependência e qual o momento de procurar por ajuda é fundamental para aumentar as chances de recuperação.
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